7 de fevereiro de 2013

Autocirurgia de apêndice de Dr. Ubaldino Gusmão Figueira


Em 5 de fevereiro de 1941, há 72 anos atrás, o médico conquistense Ubaldino Gusmão Figueira, na ocasião residindo na cidade de Patos, Minas Gerais realizava uma autocirurgia de apêndice. Em fins da década 1950, tendo retornado a Vitória da Conquista Ubaldino escreve para Revista Manchete descrevendo a operação:
Tendo sofrido várias crises de apendicite e (…) Valendo-me da ausência de minha família, aproveitei o ensejo para executar meu intento. Convidei os amigos Cristiano Fonseca e João Pacheco Filho para assistirem à operação de um rapaz; qual não foi a surpresa daqueles amigos, quando me viram sobre a mesa da cirurgia, tendo a meu lado dois enfermeiros e o meu médico assistente, Dr. Paulo da Silva Loureiro. A princípio tomaram por brincadeira; porém, à medida que foram se sucedendo os passos para o ato operatório, concluíram que eu seria, de fato, o paciente e o agente daquela intervenção. Fiz sozinho, da anestesia local, à última fase da operação, ou seja, a sutura da pele. Um dos amigos fez questão de chamar o fotógrafo que bateu diversas chapas. Atualmente, resido em Vitória da Conquista, onde continuo à frente da Casa de Saúde mais antiga da cidade, servindo aos sertanejos como um modesto médico de aldeia. (Ubaldino Gusmão Figueira)
Em março de 2012, o Jornal da Associação Médica de Patos de Minas destaca a autocirurgia realizada por Ubaldino Gusmão Figueira e apresenta fotografias no Centro de Memória que abriga diferentes objetos ligados à história da medicina.
(…) Chamou a atenção do presidente da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), o cirurgião geral e gastroenterologista Lincoln Lopes Ferreira, a imagem de uma autocirurgia de apêndice, realizada em 1941. De acordo com o coordenador do Centro de Memória, Giovanni Roncalli Caixeta Ribeiro, mudou-se para Patos de Minas um médico baiano chamado Ubaldino Gusmão Figueira, que abriu o primeiro hospital privado na cidade, naquele mesmo ano. Pouco tempo depois, teve uma apendicite e se auto-operou, auxiliado por outro colega médico (…)
Nos arquivos da Profa. Heleusa Figueira Câmara, filha de Ubaldino Gusmão Figueira encontra-se uma descrição do processo operatório
(...)Fato singular, foi o de que o cirurgião só conseguiu ver nitidamente as incisões dos três primeiros planos: pele, tecido celular e aponevroso – a incisão dos demais se processou, mais pelo tato dos dedos, que pela vista, dada a impossibilidade de se curvar convenientemente, sobre a ferida operatória. Sob a ação da anestesia, local praticada com Sinalgan, pelo próprio cirurgião, plano sobre plano, á medida que progredia a intervenção, tudo transcorreu normalmente. Antes de proceder ao fechamento da parede abdominal com cat-gut Crino-Seda, o cirurgião derramou sobre a ferida operatória um tubo de Stopton Peritoneal. O pós operatório se passou sem acidente, usando o Dr. Ubaldino, durante o mesmo, uma ampola diária de Glicotrat. E assim o Dr. Ubaldino Figueira teve o prazer imenso de fazer, por suas próprias mãos, a anestesia e a própria operação, até a aplicação do último agrafe, conforme se vê numa das fotogravuras, passando-se, dessa forma, em pleno interior mineiro, um acontecimento impressionante, no terreno da cirurgia, que entusiasma, não só a classe médica como também ao público em geral.

É muito importante que os espaços acadêmicos cuidem dos acervos memorialísticos. O Curso de Medicina da UESB poderia organizar um espaço museal com documentos de pessoas que exerceram a medicina nesta cidade e que se encontram em arquivos particulares, apartados, portanto do acesso às pesquisas. É preciso destacar a iniciativa do escritor pesquisador Dr. Francisco Paulo Ribeiro Rocha que escreveu Um século de medicina em Conquista.

De acordo com o coordenador do Centro de Memória, Patos de Minas é a quinta cidade a ter arquivos e equipamentos da área médica em uma espécie de museu. Os outros municípios que preservam a memória da medicina são Barbacena, Belo Horizonte, Juiz de Fora e Uberlândia. Ele diz que os alunos de medicina do Centro Universitário de Patos de Minas já utilizam o acervo para apresentarem trabalhos no Congresso de História de Medicina. O acervo está aberto para pesquisas e visitação no período de 8h a 11h e de 13h a 17h, de segunda à sexta-feira. Todo o material pode ser fotografado e copiado, com prévia autorização. Visitas guiadas podem ser marcadas na própria filiada. Mais informações pelo telefone (34) 3821 3756.














3 comentários:

  1. Sinto tanto orgulho dessa família.... que bom ter conhecido o vovô Ubaldino e a vovó Stella.
    Tenho muitas lembranças da vovó. Dele, algumas. Um dia acordei em seu quarto. Ele estava vestindo uma blusa de lã verde de colarinho alto. Eu disse: vovô, o senhor está parecendo um plaiboy!!!! Ele deu aquela gargalhada!

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  2. conheci bem o Dr Ubaldono..nos anos quarenta ele este em Pedra Azul.MG onde eu ainda morava com meus pais

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  3. comentário acima eh de Ernane Nelson Antunes Gusmão

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