Ubaldino Gusmão Figueira
Monte Carmelo, Minas Gerais, 1939.
(Foto: Dr. Ubaldino Gusmão Figueira em 1958) |
Entre o nosso povo há muita gente que, até hoje, ignora a transmissão de inúmeras doenças pelo mosquito. A medicina, no terreno da Microbiologia e Parasitologia, por intermédio da microscopia já dissipou as dúvidas e tem, cabalmente, provado com centenas de experiências feitas em animais e até no homem, que o mosquito é o transmissor do impaludismo, febre amarela, etc. Quanto ao impaludismo, também conhecido por sezão, maleita, febre dos rios, tremedeira intermitente, queimadeira, etc., esta moléstia tem ceifado vidas de milhares de brasileiros nas margens dos rios, lagos, lagoas, riachos de nossas matas, e contagia o homem por meio da picada do mosquito da família dos anophelinos. Esta revelação médica não é uma invencionice, porém o fruto de laboriosas pesquisas de cientistas. Em 1884 Dr. Manson , demonstrou que o mosquito transmitia a filaria ao sangue do homem pela picada daquele. O Dr. Laveran , com esta descoberta, imaginou a possibilidade de ser o mosquito o propagador da maleita. Falando ao Dr. Ross , este médico, que se encontrava na Índia, país maleitoso, reuniu várias raças de mosquitos e os pôs em contato com os doentes, cada raça por sua vez. Após a picada destes, o Dr. Ross os levou ao microscópio e pode encontrar, agarrados a parede do estômago dos mosquitos, os “esporozoitos” que são formas do parasita da moléstia. Este parasita fica nas glândulas salivares do mosquito, e após ter passado por outros órgãos, no ato da picada atravessa numa gotícula de saliva do mosquito, e penetra no orifício da pele picada, para impedir a coagulação do sangue no ato da sucção, e por este meio cair na circulação.
Com estas explicações simples e ao alcance de todos, não deve pairar nenhuma sombra de dúvida a respeito desta verdade científica. Então, o dever impõe dar cabo aos mosquitos, abrindo caminhos às águas empoçadas, que são focos e viveiros de mosquitos. Nunca deixar água em latas de jardim, estagnadas em poças junto a casa.
Numa dada região da Itália a maleita estava matando muita gente, apesar das enérgicas providências que tomaram as autoridades sanitárias para sanear a região. Não conseguindo, por estes meios, jugular a endemia o Governo resolveu ampliar ali a criação de porcos, e com esta medida desapareceu a maleita. Por quê? Muito simples a explicação: os porcos no instinto de fuçar e remexer a terra, a água, a lama, o pântano, revolviam a água, e sepultavam na lama a postura dos mosquitos, tendo este que desaparecer. Se nos faltarem outras medidas de combate ao mosquito, criemos porcos, não presos junto a casa, mas soltos, pelo menos durante algumas horas do dia, para que aconteça conosco o que sucedeu na Itália.
Não construir casas junto à água nas baixadas, mas em lugar seco e alto onde a corrente de ar é intensa e impede a permanência do mosquito nas imediações da casa.
Outro combate que não se pode olvidar é das moscas, pulgas, percevejos, baratas, ratos, etc. Em danos a saúde, a mosca leva vantagem aos demais: assenta em toda imundice para depois co
ntaminar o alimento, o copo, o talher, a xícara, o prato, a toalha, etc. Da chaga exposta do leproso, do escarro do tuberculoso, ela passa num rápido vôo ao nariz, a boca de outra pessoa. Nunca deixeis vossas refeições expostas; usar o guarda-comidas de tela, tão asseado e econômico!...
As latrinas, fossas fixas, privadas constituem uma proteção à saúde. Depois que os estudos científicos vieram esclarecer que as dejeções, ou fezes humanas expostas sobre o solo são uma ameaça à saúde, é dever imperioso de cada indivíduo abrir fossas destinadas a receber as fezes, impedindo que estas causem a disseminação de muitas doenças.
O espaço desta nossa palestra é exíguo e não permite uma exposição detalhada em torno deste importante assunto. Diremos em breves pinceladas, como, por quê, e para quê a fossa fixa. Não pretendemos explicar uma fossa modelo que obedeça a todas as exigências da higiene: façamos o mínimo, que é uma escavação quadrangular ou circular, no chão, com uma profundidade de 20 palmos por um diâmetro que varia de 4 a 8, coberta e afastada da fonte, ou horta. Ali deveis levar, diariamente, a cinza que fica nos fogões para corrigir o mau hálito . Já dissemos atrás, que várias moléstias alastram em populações inteiras pelas fezes lançadas ao chão livre. Com a vinda das chuvas, a enxurrada arrasta aquela sujidade toda, que se espalha pela terra afora, penetrando nas hortaliças, couve, alface, taioba, cebola, e semeando micróbios por toda parte. Essas verduras, via de regra, são preparadas cruas em saladas, e nelas vão agarradas as folhas, micróbios de paratifo, tifo, disenteria amebiana, verminose e outras mais. Deste modo se processa o contágio.
Prevenir é o conselho da higiene. Com a adoção das latrinas dá-se provas de educação mais elevada, compreensão mais nítida da perfeita higiene e concorre-se para o bem estar coletivo.
Gente vamos tomar atitude... eu não consigo dormir com mosquitos no quarto
ResponderExcluirSudeste Negócios
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