1 de agosto de 2011

Memória Literária: Íris Silveira


Memória Literária: A Sala de Leitura Íris Silveira* é a sede do Comitê Proler/UESB de Vitória da Conquista, Bahia. Para saber um pouco mais sobre o poeta que nomeia esta sala, apresentamos o seu verbete e um soneto pertinente ao tempo atual.

Justiça Aranha



A um canto de parede, bem tecida,
pelos braços sutis de astuta aranha,
uma teia de seda, ali estendida,
a cada instante, um leve inseto apanha.

Eis que se muda o quadro inseticida:
- um besouro passante a teia ganha.
Arrebentam-se as malhas e, vencida,
foge a astuta, do besouro, à sanha.

Esse quadro nos serve de premissa
à conclusão de que não há justiça
que a todos julgue com rigor da lei...

Esbarra, sempre, o pobre, na cadeia;
o rico parte, da justiça, a teia...
justiça aranha, te entender, não sei!...



*SILVEIRA, Iris Geraldo. Iris Geraldo Silveira (1912-1980). Cristão, poeta, jornalista, político, social-democrata, inspetor fiscal, membro fundador da Academia Conquistense de Letras, cadeira nº 13. Filho do médico Dr. Crescêncio Antonio da Silveira e D. Cândida Guimarães Silveira nasceu na cidade de Fortaleza, hoje Pedra Azul, Minas Gerais, a 07 de setembro de 1912. Em 1917, acompanhando seus pais, baianos de Caetité, veio para Vitória da Conquista. No Colégio São Luis de Gonzaga, em Caetité, fez o curso primário completo. Ao matricular-se no curso ginasial, adoeceu de moléstia nervosa que o compeliu a deixar os estudos. Em 1933 foi nomeado Adjunto de Promotor da Comarca de Vitória da Conquista. Em 1934, casou-se com Maria Angélica Borba dos Santos. Em 1934 foi aprovado no concurso da Secretaria da Fazenda da Bahia e nomeado escrivão da 2ª Coletoria Estadual de Conquista, ocupando, posteriormente, o cargo de  Inspetor Fiscal da 9ª Região sediada em Vitória da Conquista. Por duas legislaturas se elegeu vereador e, em 1963, foi eleito primeiro prefeito constitucional do Município de Caatiba, desmembrado de Vitória da Conquista. De 1933 a 1963 dedicou-se ao jornalismo, “O Sertanejo” e “O Jornal de Conquista” as seguintes seções literárias em poesia: “Minha Estória dos Outros”, “Verve dos Outros em Versos Meus”, “Em busca da Verdade” e “De mãos dadas com o Trânsito.” Em 1965, por solicitação do Deputado Federal Dr. Edvaldo Flores e aprovação unânime dos deputados, viu o seu poema “Transplante do Coração” transcrito nos Anais da Câmara Federal.